"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Qual a Dimensão do Carma?

Pensar acerca das dimensões sempre é um assunto instigante e bem abstrato. Já o Carma, da forma como é estudado corriqueiramente, não é um tema que parece ter muitas novidades ou muitas alternativas. Mas é fácil entender porque; dimensões é um tema em alta atualmente na cosmologia e física, portanto, não está completamente formulado e não há axiomas (dogmas) muito claros com relação a ele. Já o Carma foi dogmatizado pelas religiões e passou a ser um estudo quase que maniqueísta, ou seja, um tema que já está muito parcial. De fato, minha ideia aqui é fazer exatamente o contrário, desdogmatizar o Carma e tirar um pouco da abstração das dimensões. Para isso, sugiro que você leia alguns artigos anteriores, dentre os quais, onde eu mencionei que o Carma seria uma mistura de causa e efeito com ação e reação. De fato, isso foi uma forma didática de tentar explicar alguma coisa que não obrigatoriamente está presa aos nossos conceitos limitados de espaço-tempo. Causa e efeito pode ser o mesmo que ação e reação, basta que você tire a dimensão temporal deles. Comecei complicado? Um pouco, especialmente se você não é um leitor desse blog, então, recomendo a leitura da série “Uma Questão de Tempo”, postada aqui a partir de março de 2003, pois lá há conceitos sobre o tempo que não vou reexplicar aqui. Outros artigos que contribuem para compreender o tema são: “As Dimensões da Consciência”; “Fronteiras do Mundo Material”; “Um pouco sobre Carma” e “Carma e Darma”.

Hoje algumas linhas da cosmologia e física trabalham com a hipótese do universo ter 11 dimensões e isso nos suscita uma dúvida óbvia: se há 11 dimensões, como só conseguimos ver 3? Primeiro, vamos corrigir essa pergunta básica imediata, pois não conseguimos “ver” as dimensões, nós as percebemos (acredite, o termo é relevante), sendo que não notamos somente 3, mas sim 4. Nossa percepção nos mostra 3 dimensões espaciais mais o tempo, que, segundo Einstein, pode ser considerado a quarta dimensão. Com isso, a pergunta correta seria: como podemos perceber somente 4 das 11? A resposta atual dos cosmólogos é que muitas delas podem ser tão pequenas que nossa capacidade e instrumentos não teriam condições para detectá-las, mas, para mim, essa é uma resposta fácil e parcial, pois não considera os aspectos metafísicos da questão, muito embora, não vou me estender muito mais nisso por não ser objeto desse artigo. De qualquer forma, durante a descrição do universo de 11 dimensões, cosmólogos afirmam que são 10 mais a dimensão do tempo. Note uma coisa interessante na descrição dos cosmólogos atuais e de Einstein: eles separam a dimensão do tempo, como se fosse diferente das demais. Entendo que eles fazem isso por conta da forma como nossa consciência funciona, que interpreta o tempo de um jeito bem específico, porém, tecnicamente ela não é, ou seja, é tão “espacial” (se é que se pode usar esse termo) quanto as demais, é uma dimensão passível de trânsito como qualquer outra, ou seja, se você tem a liberdade física de transitar do norte para o sul, do leste para oeste, de baixo para cima e vice-versa, você também tem a liberdade física de transitar do passado para o futuro ou ao contrário. Essa liberdade física já é teoricamente preconizada, já há alguns experimentos surpreendentes demonstrando alguns aspectos menores ou discretos dela, mas ainda nos falta desenvolvimento tecnológico suficiente para conseguir isso. Entretanto, acredito que há ainda alguns detalhes teóricos que precisam ser formulados e dominados para que tenhamos condições de transitar no tempo com a mesma facilidade com que fazemos nas outras 3 dimensões, mas é só uma questão de tempo para que isso faça parte do nosso dia-a-dia. Consegue imaginar esse dia? Quais as consequências dessa capacidade? Não pergunto aqui em termos físicos, mas em termos filosóficos e éticos, pois a física e a ciência atual estão limitadas pelo próprio cárcere que elas mesmas se colocaram, o mundo material, portanto, finito. Mas vamos deixar a física no seu devido lugar, o mundo finito, e vamos transcender para a verdadeira ciência dos Mestres de Luz.

Voltemos um pouco, para quando eu disse que o tempo fica destacado nas teorias atuais; por que será que isso acontece? Segundo o Mestre Seraphis Bey, a sensação da passagem do tempo, do passado para o futuro, foi uma técnica de imersão no mundo material que nossa consciência interior (verdadeiro eu, personalidade-alma, como queiram chamar) criou para que pudéssemos experimentar a sensação da separação da Fonte de toda existência (ref. “Um Manual para Ascenção”). O que ele quer dizer com isso é que nossa mente foi preparada para perceber o tempo como percebemos, de forma sequencial, sem noção do todo. Não vou entrar aqui no mérito do porquê fizemos assim, pois em vez de eu tentar explicar Seraphis Bey, melhor você mesmo estuda-lo. O que nos importa aqui é que: perceber o tempo como ele nos parece é apenas mais uma das ilusões da nossa consciência inferior, material; é uma percepção tão arraigada, que temos uma enorme dificuldade de imaginar um universo onde o tempo é só mais uma das dimensões, transitável, mais até do que isso, assim como é possível perceber um determinado espaço todo de uma vez, também é possível perceber o espaço-tempo todo de uma vez, mas, para isso, temos que nos livrar das amarras sensoriais da mente objetiva. Como? Comece pela sua imaginação...

Em relatos de pessoas que passaram pela EQM (Experiência de Quase Morte), é comum haver a menção de que elas tiveram uma visão da vida delas em um formato completamente novo, indescritível, onde todos os acontecimentos ocorriam simultaneamente, ou seja, relatam que é como se elas pudessem viver todos os momentos da vida que tiveram ao mesmo tempo. Isso é muito intrigante e muito relevante para o que estamos tratando aqui, pois significa que pode haver algum lugar ou chave na nossa mente (provavelmente, na mente superior) que nos faz experimentar o tempo como qualquer outra dimensão. Veja que interessante, fisicamente, o tempo não deveria ser uma dimensão diferente das outras e, em termos psíquicos, há uma forma de experimentá-lo exatamente dessa forma. Se o tempo não passa, apenas existe, como fica o Carma? Afinal, ele é um dos motivos do artigo de hoje.

Quando o Carma é didaticamente explicado nas filosofias e/ou religiões que o aceitam como tese/dogma, ele sempre nos é mostrado como uma ação, como você matar alguém (bem típico), que terá uma reação, como você ser morto por esse alguém, que pode perdurar e se repetir por vidas e vidas, ou seja, a consequência sempre está no futuro, como se o Carma obrigatoriamente só pudesse ser causado no passado e ter seu resultado no futuro. Voltando aos textos de Seraphis Bey, isso é possível, pois o Carma seria um tipo de “acordo” que fizemos para que pudéssemos experimentar a imersão na matéria e a experiência da separação da Fonte, ou seja, se é um acordo e está relacionado com a forma como nós mesmos criamos o processo de percepção do tempo, então, poderíamos tê-lo criado da forma como acreditamos que seria melhor para essa experiência. Mas mesmo assim, há um ponto intrigante quando concebemos uma dimensão temporal integral, onde tudo acontece no mesmo instante; nessa situação, não existe passado ou futuro, então, todo o processo do Carma acontece no mesmo momento. Perceber a causa no passado e o efeito no futuro é mais uma mera ilusão da nossa percepção temporal. Nesse sentido, o Carma está muito mais para ação e reação do que para causa e efeito (de novo, é tudo a mesma coisa, mas o segundo está sujeito ao tempo, ou seja, é uma ilusão). No conceito de ação e reação existe um ponto de contato das forças envolvidas, que pode ficar obscuro quando o analisamos sob a ótica da causa e efeito, ou seja, quando o processo é analisado ao longo da percepção temporal, o ponto de contato entre a causa e o efeito pode ficar ocultado, pois ele existe em algum instante que pode não ser percebido, ou por ser ínfimo, ou por não estar sendo observado quando acontece. Isso quer dizer que sempre há um ponto de contato entre a ação e a reação, exatamente o ponto onde se estabelece o fiel da balança, o ponto de equilíbrio. Mas é fácil de entender o conceito: vamos imaginar o tempo como uma linha da esquerda para direita; faça uma outra linha perpendicular a ela e, no ponto onde a segunda cruza a primeira, faça duas setas, uma em cada metade da linha perpendicular, apontando para a linha do tempo e, consequentemente, uma seta apontando para outra. Essas setas representam as forças envolvidas na lei de ação e reação, por exemplo, um peso sobre uma mesa, onde o peso exerce uma força sobre a mesa e a mesa exerce uma força sobre o peso, fazendo com que haja equilíbrio, ou seja, o conceito físico que aprendemos na escola, com os desenhos que nossos diligentes professores colocavam na lousa. Agora destaque essas duas setas juntas e coloque-as em paralelo com a linha do tempo e assim teremos um exemplo de Carma em função do tempo, uma força que vai do passado para o futuro e que se encontra no ponto de equilíbrio com uma força contrária. Note que, nessa visualização, você estará vendo o tempo integral, que é a imagem das duas forças acontecendo no mesmo momento para sua percepção, ou seja, como no caso do peso sobre a mesa. Note que as forças aqui seriam apenas representações similares à imagem do peso sobre a mesa que, no caso, se trocarmos as setas por eles, poderíamos dizer que o peso estaria exercendo uma força para o futuro e a mesa estaria fazendo o contrário, havendo o equilíbrio no instante do tempo onde o peso encontra a mesa. Lógico que temos que trocar a gravidade por outra força para que o modelo dê certo e isso também suscita reflexões sobre o que vem a ser a gravidade; mas não vamos complicar mais! Ainda nessa configuração, se colocarmos nossa percepção limitada ao tempo, não perceberíamos o peso e a mesa integralmente, primeiramente, perceberíamos fatias do peso (afinal, temos a percepção de instantes seguidos de instantes e os objetos em questão ficaram paralelos ao tempo), depois um instante ínfimo onde o peso toca a mesa e, por fim, perceberíamos as fatias da mesa. Nessas condições, como nossa mente inferior interpretaria a relação do peso com a mesa? Realmente, é um exercício de imaginação singular. Além disso, ainda podemos ver outra coisa muito interessante, uma das forças estaria sendo projetada do futuro para o passado. Se virarmos o “conjunto” de forma que a mesa venha primeiro no tempo, em tese, a causa não estaria no passado, mas no futuro, ou ainda, em vez do peso aplicar força sobre a mesa como causa, a mesa que faria isso ao peso. De fato, nessa hipótese, não dá para saber o que considerar como causa, ou seja, ou o Carma é realmente um acordo das mentes superiores, com regras específicas e limitado pela percepção do tempo, ou podemos sofrer consequências de ações que ainda vamos ver no nosso futuro, mesmo que não consigamos entender a relação entre elas. Isso pode significar que podemos mudar nosso passado através de ações em nosso presente? Eu vou dizer que eu estou muito convencido disso, mas isso é um assunto para outro artigo.

Apesar de estarmos falando de Carma, dimensões e outros aspectos como assunto básico, de fato, eles não são meu objetivo de reflexão para vocês nesse artigo. O ponto mais importante aqui é repensar sua relação com o tempo, sua forma de percebê-lo, seu modo de encará-lo. O tempo é uma das principais amarras da nossa experiência material e, por termos nossa semente primordial de consciência junto ao Inominável, do mesmo jeito que criamos as amarras, podemos desatá-las. Quer voltar a sua infância? Você pode, pois ela está ocorrendo exatamente agora em algum ponto deste universo, onde sua consciência interior tem total acesso e contato, de dentro do observador que é você mesmo. Quer saber qual o resultado de uma ação? Ele está ocorrendo exatamente agora em algum ponto desde universo, onde também sua consciência interior está lá vivenciando; mas aqui, enfrentamos outra questão inquietante: o futuro é mutável ou é determinado pelo destino? Mais um assunto para outro artigo, mas digo o seguinte, quando você dirige um veículo, você pode decidir se quer bater no poste na sua frente ou virar na próxima esquina, não é mesmo? ... será? Mais um dogma a ser revisitado, o dogma do Livre Arbítrio, e não estou conceituando, dizendo que existe ou não existe, estou apenas suscitando sua reflexão sobre ele. Aqui vale o adágio dos mestres orientais: antes de estudar filosofia, homens são homens e montanhas são montanhas; durante o estudo da filosofia, você não consegue afirmar quem são homens e quem são as montanhas; depois do estudo da filosofia, homens são homens e montanhas são montanhas.

A percepção do tempo é uma programação mental, portanto, passível de mudança. Para começar a mudar algo, primeiramente você precisa imaginar como seria o mundo onde você e qualquer pessoa pudesse perceber o tempo simplesmente como mais uma dimensão, sentir a existência como se todos os momentos estivessem no agora, completos, intensos, integrais, além das limitações da consciência objetiva e dos liames materiais. A imaginação é o princípio de tudo, é através dela que você volta a experimentar sua ligação com a Fonte de toda existência. O mundo das causas é o mundo da imaginação, ele é o ponto de apoio para toda existência completa e absoluta. Depois de criar no seu âmago, abra espaço na sua consciência para a realização divina da sua vontade, pois a Vontade de Deus é a nossa vontade. Seja um canalizador dessa Vontade.

Paz e Luz para todos.


Links para os artigos anteriores: Uma Questão de Tempo (parte 1)(parte 2)(parte 3)As Dimensões da ConsciênciaFronteiras do Mundo MaterialUm Pouco Sobre CarmaCarma e Darma;


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