"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


sábado, setembro 03, 2011

Inércia Orgânica

Já que é a “religião” do último século para muitos que acreditam só na materialidade, vamos voltar um pouco para a ciência formal (que para mim é só mais um tipo de religião, como já citei em artigos anteriores), estudar um pouco sobre a tendência do nosso organismo em ser programado e de como essa programação é gravada. Alguns filmes da atualidade buscam trazer essa discussão à tona, sendo que, uma referência interessante para entender um pouco melhor sobre isso é o título “Quem Somos Nós”.

De acordo com os conhecimentos científicos de hoje, podemos dizer que nosso organismo é um conjunto organizado de seres vivos (células, vírus e bactérias) que interagem prioritariamente através da troca de mensagens químicas ou eletroquímicas. Observando a teoria da informação, quando há comunicação, temos um transmissor, um receptor e um meio de transmissão. Por serem químicos, nossos transmissores trabalham com hormônios, proteínas, aminoácidos, etc., nosso meio de comunicação é a “sopa” sanguínea e linfática, e nossos receptores são captadores químicos nas células, ou seja, proteínas e outros componentes celulares que alojam ou reagem às “informações” químicas. Existem também atividades eletroquímicas, bastante comuns no sistema nervoso, cujo funcionamento é similar, porém, além de componentes químicos, há também a transmissão de sinais nervosos. Os detalhes do funcionamento desses mecanismos são extensos e não caberia aqui esmiuçar muita coisa, até porque, pode-se facilmente encontrar informações na internet, então, vou evitar explicações mais técnicas, citando apenas o geral do que a ciência já conhece.

Uma das características de nosso organismo é a capacidade de memorizar reações eletrobioquímicas e, com isso, abre-se a possibilidade de programarmos seu comportamento. É importante notar que o termo “memorizar” também pode ser entendido como “viciar”, portanto, a linha que separa uma resposta programada de uma resposta viciosa é muito tênue, se é que podemos dizer que existe realmente, dado que, em termos químicos, é tudo a mesma coisa; a rigor, separar vício de memória é apenas uma interpretação psicológica. Essa memorização é feita de algumas formas, sendo uma das primeiras a ter sido descoberta foi a programação dos neurônios, que são células com formato “estrelado”, cujas pontas fazem as interconexões nervosas para transmitir os sinais. Os neurônios se comportam de forma a propiciar a repetição de um determinado padrão, seja pela acomodação na reação a um sinal, seja pela tendência em formar mais interconexões para sinais repetitivos. Exemplificando, um neurônio que receba muitos estímulos vibratórios dentro de uma faixa de freqüências entre X e Y tende a responder apenas a essas freqüências, perdendo “performance” nas outras que pouco acontecem. Além disso, ele desenvolve mais pontas nos seus braços, conectando-se a outros neurônios que também propagam esse tipo de estímulo, ou seja, literalmente, há um desenvolvimento ou movimentação fisiológica para que o estímulo repetitivo seja mais facilmente propagado. Isso é comprovado em uma pesquisa feita com taxistas de Londres, que são tidos como excelentes conhecedores dessa cidade. Nessa pesquisa, eles comparam os cérebros de taxistas novatos com os de taxistas experientes, sendo que uma área do cérebro responsável pela memória de localização era muito maior em tamanho e mais desenvolvida nas pessoas com mais experiência. Além disso, fizeram um acompanhamento do desenvolvimento dos novatos, sendo que, durante seu aprendizado, a mesma área foi pouco a pouco aumentando de tamanho, ou seja, podemos dizer que o cérebro se comportou como um músculo que é exercitado, aumentando sua massa para responder à exigência funcional.

Mais recentemente, descobriu-se que as demais células do organismo também têm esse tipo de comportamento, porém voltado para a acomodação bioquímica. As células possuem captadores químicos que absorvem a “informação” bioquímica enviada pelas glândulas endócrinas, ou outros “transmissores”. Quanto mais hormônios ou determinadas substâncias químicas, como glicose ou vitaminas, mais as células desenvolvem captadores bioquímicos para absorvê-las ou até mesmo para reagir ao excesso dessas substâncias. Por exemplo, na andropausa, a quantidade de testosterona diminui e, por conseqüência, a quantidade de captadores de testosterona também, o que contribui para os efeitos dessa fase da vida do homem, como perda da massa muscular, enrijecimento das artérias e aumento de colesterol. Se houver a reposição de testosterona, em um primeiro momento, há um pico desse hormônio no organismo, pois não há captadores suficientes para absorvê-lo; esse pico vai diminuindo na medida em que os captadores voltam a ser criados pelas células, resultando na melhoria de diversas funções orgânicas masculinas, como a atividade e desenvolvimento muscular, capacidade que aos poucos foi perdida por conta do envelhecimento natural. Note que esse processo é lento, ou seja, pode demorar meses para o resultado começar a aparecer, assim como entrar em forma física exige um bom tempo de exercícios físicos regulares. Podemos dizer que, para modificar uma estrutura celular, é necessário um esforço razoavelmente maior do que para mantê-la em uma determinada situação, ou, em outras palavras, para modificar o resultado de um desenvolvimento fisiológico, é necessário esforço para recriar as conexões neurais ou os captadores químicos, lutando contra o hábito ou a programação orgânica. Esse esforço é tanto maior quanto for a idade do indivíduo, pois o envelhecimento prejudica essa troca bioquímica, produzindo cada vez mais resíduos nas reações químicas (os tais dos radicais livres). Programar o organismo é mais fácil que reprogramar, primeiramente porque as primeiras programações são feitas quando o organismo é jovem e segundo porque já houve um desenvolvimento fisiológico que precisa ser revertido de alguma forma. Usando uma analogia como exemplo, perder massa muscular é bem mais difícil do que os músculos ficarem flácidos, ou seja, o desenvolvimento fisiológico deixa seqüelas que na maioria das vezes são difíceis de reverter.

Até agora, falamos de aspectos bem materiais do tema, mas tanto as substâncias bioquímicas quanto os neurônios influenciam enormemente nossos comportamentos e emoções. De fato, a ciência materialista diria o que o termo “influenciam” deveria ser trocado por “determinam”, mas a física quântica já colocou uma pulga atrás da orelha desse conceito, dado que existe um paradoxo na origem da consciência quando analisada pelos axiomas da ciência materialista; paradoxo esse que pode ser resolvido pelos novos axiomas quânticos, transcendentes por natureza; mas isso é assunto para outro artigo. Voltando ao aspecto subjetivo do tema, a conclusão para qual estamos nos encaminhando é que nossa personalidade, emoções, opiniões, comportamentos e etc. provocam alterações fisiológicas que realimentam a perpetuação deles mesmos, o que leva as pessoas a se chafurdarem em armadilhas psicológicas que são difíceis de serem modificadas, por conta do que eu chamo de Inércia Orgânica, ou seja, essa tendência do organismo de se programar bioquimicamente, desenvolvendo caminhos fisiológicos para perpetuar as mesmas reações eletrobioquímicas. Mudar a direção dessa programação exige um esforço muito maior do que o necessário para manter o “movimento”, ou seja, podemos dizer que temos aqui um comportamento similar ao inercial, onde nossos vícios e opiniões constroem meios para manterem-se no mesmo estado e, para mudá-los, precisamos ter a vontade mais forte do que a inércia orgânica, redefinindo os caminhos e as reações bioquímicas do nosso organismo.

Estão aí as bases para entender porque nós mesmos geramos as enfermidades que sofremos. Tomemos por base que nosso organismo se viciou em uma determinada reação bioquímica que gera um grupo de substâncias e resíduos prejudiciais a alguma parte de nosso corpo. Certamente, essa parte será sobrecarregada e, se esse vício não for revertido, provavelmente ela vai se desgastar ou exaurir e começar a falhar, deixar de funcionar como deveria e, muito provavelmente, gerará um efeito cascata em outras partes do organismo. Seria o envelhecimento o resultado dessas disfunções? A resposta é afirmativa para as doenças, mas, como eu disse no início que eu iria voltar à ciência formal, mesmo que haja fortes indícios, por ela ainda não dá para afirmar com certeza de que a resposta seria afirmativa para o envelhecimento em geral, muito embora, certamente seria para o envelhecimento precoce. E o que controla nosso funcionamento eletrobioquímico? Nosso sistema de consciência holístico, seja ela o consciente objetivo, ou o subjetivo e inconsciente. Tomando por base as teorias atuais da física quântica, a consciência é alguma coisa desconhecida, mas que existe antes da manifestação da matéria, ou seja, seria precursora da matéria ou a causa dela e, de alguma forma, a controla. Em suma, nossa saúde estaria totalmente à mercê de nossos pensamentos, emoções, comportamentos, hábitos, instintos, vícios, virtudes, personalidade, etc. e, principalmente, da nossa vontade.

Na minha opinião, se conseguirmos criar aspectos consciencionais que alimentem um organismo harmônico, regenerador e equilibrado, controlaríamos nossa saúde, longevidade e vigor, sendo necessário pouco esforço para mantê-lo nessas condições devido a tal da inércia orgânica. Tudo dependeria de nossa vontade, porém isso é um pouco mais complexo do que parece, pois ninguém vive isolado no mundo e estamos sujeitos e imersos nos vícios sociais, tendo em vista que a própria humanidade, enquanto organismo global, tem sua inércia orgânica que tende a realimentar suas próprias crenças e vícios, portanto, a força que mantém nossa inércia pode ser muito maior do que pensamos, sendo que mudar o destino de nosso organismo pode exigir um movimento de vontade não só nosso, mas de toda uma comunidade. Isso justificaria comportamentos ou doenças endêmicas? Deixo para o leitor refletir sobre o tema, pois, se eu continuar seguindo por essa linha de pensamento, esse artigo vai acabar virando um livro, afinal, ciência e filosofia geram mais perguntas que respostas, sendo que as respostas viram tecnologia.

Pense nisso e entenda que exercitar virtudes é uma tarefa árdua, mas recompensadora.

Deus abençoe a todos.

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